PROJETO IGUALANDO
quarta-feira, 26 de março de 2014
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
O Ciclo da Violência Doméstica
A violência doméstica funciona como um sistema circular – o chamado Ciclo da Violência Doméstica – que apresenta, regra geral, três fases:
1. aumento de tensão: as tensões acumuladas no quotidiano, as injúrias e as ameaças tecidas pelo agressor, criam, na vítima, uma sensação de perigo eminente.
2. ataque violento: o agressor maltrata física e psicológicamente a vítima; estes maus-tratos tendem a escalar na sua frequência e intensidade.
3. lua-de-mel: o agressor envolve agora a vítima de carinho e atenções, desculpando-se pelas agressões e prometendo mudar (nunca mais voltará a exercer violência).
Este ciclo caracteriza-se pela sua continuidade no tempo, isto é, pela sua repetição sucessiva ao longo de meses ou anos, podendo ser cada vez menores as fases da tensão e de apaziguamento e cada vez mais intensa a fase do ataque violento. Usualmente este padrão de interacção termina onde antes começou. Em situações limite, o culminar destes episódios poderá ser o homicídio.
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Tribunais de família ignoram violência doméstica nas suas decisões, denuncia relatório.
A violência doméstica é ignorada pelos tribunais de família nos divórcios e regulação do poder parental, revela um relatório da Associação Portuguesa de Mulheres Juristas (APMJ), que denuncia também a deficiente aplicação de medidas de coação aos agressores.
O relatório reúne as conclusões do projeto Themis, promovido pela Associação Portuguesa de Mulheres Juristas com o objetivo de dar apoio jurídico e psicológico especializado a mulheres vítimas de violência doméstica.
"Quando as mulheres se dirigem aos tribunais para tratarem do divórcio ou da regulação das responsabilidades parentais, as questões da violência doméstica são ignoradas pelos tribunais de família", disse à agência Lusa a presidente da APMJ, Maria Teresa Féria de Almeida.
Segundo a presidente da APMJ, esta postura dos tribunais de família está "em discordância com a proteção que é conferida às vítimas pela leis penal e processual penal".
"Existe uma dissociação entre a pessoa que, sendo vítima de violência doméstica, apresenta uma queixa na polícia, recebe o estatuto de vítima e é acompanhada ao longo de todo o processo penal, e depois o processo de divórcio parece que ignora completamente este tipo de realidade", sublinhou.
Para Maria Teresa de Almeida, a violência doméstica começa logo por ser ignorada como razão para a rutura ou desavença familiar e continua a ser ignorada "aquando da regulação das responsabilidades parentais ao serem assegurados direitos de visita e, em alguns casos, até mesmo a guarda das crianças aos progenitores agressores."
Outra das conclusões do relatório revela, segundo a presidente da APMJ, "a deficiente aplicação de medidas de coação aos agressores e a praticamente inexistente aplicação de medidas de proteção adequadas das vítimas".
A coordenadora do projeto Themis, Isabel Estrela, explicou à agência Lusa que o direito de família tem como regra a guarda partilhada dos filhos, considerando que nos casos de violência doméstica e de abuso sexual essa solução não é adequada.
"O Tribunal Criminal determina o afastamento do agressor e o Tribunal de Família decide que a vítima é obrigada a conviver com o agressor através das visitas aos filhos", disse.
Isabel Estrela adiantou que durante os 18 meses de duração do projeto foram atendidas 200 mulheres.
O aconselhamento jurídico solicitado estava na maioria relacionado com os próprios processos-crime por violência doméstica, com os divórcios e com a regulação do poder parental.
O relatório do Themis será apresentado na íntegra esta quinta-feira num colóquio que encerra o projeto e as suas conclusões serão encaminhadas às entidades responsáveis nesta área. A presidente das juristas portuguesas explicou que, com base nas conclusões deste projeto, foi já apresentado na Assembleia da República um pedido de alteração de algumas normas legislativas.
"Estas constatações e as necessárias modificações legislativas vêm na linha do que impõe a Convenção de Istambul sobre prevenção e combate à violência doméstica e neste momento impõe-se que haja um reajustamento do ordenamento legislativo", defendeu.
O projeto Themis, financiado por fundos europeus, decorreu durante 18 meses na região de Lisboa. Através de uma linha telefónica, as mulheres vítimas de violência doméstica eram encaminhadas para consultas onde lhes era facultado aconselhamento jurídico gratuito.
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres
Mais de 200 vítimas de violência doméstica com alarme.
Mais de 200 vítimas de violência doméstica beneficiaram da medida de teleassistência desde que o dispositivo foi criado, em 2011. É um alarme que a pessoa aciona quando se sente em perigo.
Atualmente, são 122 as mulheres vítimas de violência doméstica que estão ligadas ao centro de atendimento telefónico da responsabilidade da Cruz Vermelha.
O dispositivo está disponível desde 2011 e foi utilizada por 211 vítimas, sendo que mais de metade já em 2013. As mulheres constituem a esmagadora maioria dos beneficiários, em que se regista apenas dois homens.
É o juiz ou, durante a fase de inquérito, o Ministério Público, que decreta a medida de teleassistência, sempre com o consentimento da vítima, para que lhe seja assegurado apoio psicossocial e proteção permanentes e por período não superior a seis meses, salvo se circunstâncias excecionais impuserem a sua prorrogação
A teleassistência destina-se a "garantir às vítimas de violência doméstica apoio, proteção e segurança adequadas, assegurando uma intervenção imediata e eficaz em situações de emergência, de forma permanente e gratuita, vinte e quatro horas por dia", como refere o artigo 2.º da portaria n.º 220-A/2010 de 16 de Abril.
in Diário de Notícias
60% das mulheres assassinadas foi vítima de violência numa relação pessoal
Para além dos 33 homicídios consumados, há 32 tentativas de homicídio registadas em Portugal, desde o início de 2013.
O Observatório de Mulheres Assassinadas registou 33 homicídios consumados e 32 tentados desde o início do ano. São mais de três mulheres mortas a cada mês por homens com quem elas mantinham ou já tinham mantido uma relação de afecto.
Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, Dia Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra as Mulheres, data escolhida também pelo Governo para lançar a nova campanha, que este ano poderá ser replicada em toda a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Oscilam as idades das vítimas, ao que se pode perceber desde que a UMAR criou o Observatório de Mulheres Assassinadas, isto é, pôs uma equipa a passar os jornais nacionais a pente fino em busca de notícias sobre mulheres vítimas de homicídio ou de tentativa de homicídio.
De acordo com o relatório, a que o PÚBLICO teve acesso, nas notícias deste ano é mais expressivo o grupo de vítimas maiores de 50 anos (com 21 mulheres). Dentro dele, pesa mais o grupo formado por maiores de 65 anos (com um total de 14). Entre os suspeitos de homicídio, as idades são mais diversificadas, embora também seja superior a percentagem de homens mais velhos (17).
Algumas notícias aludem às supostas motivações do crime. Grande parte sugere um contexto de violência doméstica já conhecido (28%). Os ciúmes, o sentimento de posse, o não aceitar a separação aparecem em 24% das situações. “A psicopatologia do homicida, os problemas financeiros, o pedido de divórcio, a paixão não correspondida e a compaixão pelo sofrimento da vítima em 15%”.
Ao cruzar “a prevalência do femicídio com a presença de violência doméstica nas relações de conjugalidade ou de intimidade, presente ou passadas, e relações familiares privilegiadas”, concluíram “que 61% das mulheres assassinadas até 20 de Novembro de 2013 foram vítimas de violência nessa relação”. O facto de tal crime ser conhecido de familiares ou vizinhos não as protegeu.
Março foi até agora o mês com maior número de casos (nove). No calendário do sinistro, segue-se Junho (cinco). Na geografia, destaca-se Lisboa (12). Nada de invulgar. Os distritos de Lisboa (82), Porto (48) e Setúbal (34) assumem maior incidência – 164 dos 350 casos registados desde 2004.
in Público
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