terça-feira, 28 de maio de 2013

A APAV assinala o dia 1 de Junho, Dia Mundial da Criança, com o lançamento de uma nova campanha de sensibilização, sobre crianças e jovens vítimas de crime e de violência


A APAV assinala o dia 1 de Junho, Dia Mundial da Criança, com o lançamento de uma nova campanha de sensibilização, sobre crianças e jovens vítimas de crime e de violência.

Entre 2000 e 2012 a APAV registou um total de 8.274 processos de apoio de crianças e jovens vítimas de crime e de violência, que se traduziram num total de 13.438 factos criminosos. De 2000 para 2012 verificou-se um aumento processual de 167,2% (+555 processos de apoio).

A APAV, através da sua rede nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua rede de voluntariado, tem procurado dar visibilidade à violência exercida contra as crianças e os jovens através da sua acção junto dos alunos no seio da comunidade escolar, alertando para as diferentes formas de violência e para a importância de denunciar e pedir ajuda.

Esta campanha transmite uma mensagem directa: “Muitas crianças vêem de noite aquilo que ninguém quer ver de dia”. Esta nova campanha, desenvolvida de forma mecenática pela agência MSTF Partners, conta com os apoios Cemusa, Garage e Hypnose.

Esta campanha será complementada com uma acção de rua, que irá decorrer no dia 1 de Junho, em Lisboa.


segunda-feira, 27 de maio de 2013

Violência domina namoros dos jovens

885 alunos, com idades dos 11 aos 18 anos, consideram legítimos comportamentos abusivos com as namoradas ou namorados, segundo inquérito feito pela UMAR.

A maioria dos jovens considera normais comportamentos violentos e controladores, nas relações amorosas. Esta é uma conclusão do inquérito sobre violência no namoro, realizado a 885 jovens (448 rapazes e 437 raparigas), com idades entre os 11 e os 18 anos, de escolas do Porto e de Braga, levado a cabo pelo Projeto Mudanças com Arte, coordenado por Cecília Loureiro, psicóloga da UMAR - União de Mulheres Alternativas e Resposta.
 
"É preocupante o modo como pessoas tão jovens banalizam a violência, e aceitam a ‘lei do mais forte' nas relações amorosas. Como se não houvesse outro caminho. Estas atitudes e valores são apreendidos na nossa sociedade, no seio familiar, na comunidade escolar e mesmo através da comunicação social", justifica a psicóloga.
 
Rapazes consideram normal agredir durante o namoro:
Entre os inquiridos, sete raparigas admitiram mesmo já ter sido espancadas durante o namoro. Porém, enquanto entre estas a resposta é consensual quanto a agressões, que consideram sempre violentas, o universo masculino não partilha da mesma opinião: 7,4% dos rapazes acham que as agressões são normais durante uma relação amorosa, desde que não se deixe marca; e 5% acham que não são violentos, mesmo quando batem e deixam marca.
 
Humilhações, agressões verbais e controlar o namorado/a, é normal para maioria dos jovens: mais de metade dos rapazes e das raparigas acham que é normal proibir a/o namorada/o de vestir certas roupas e de sair com determinados/as amigos/as.
25% dos rapazes e 13,3% das raparigas entendem que humilhar a/o namorada/o é legítimo e que ameaçar a namorada ou o namorado é normal (15,65% dos rapazes acha que sim e 5% das raparigas também). Para ambos os sexos humilhações, agressões verbais, ordenar o que vestir, controlar o telemóvel e proibir a outra pessoa de fazer certas coisas, são comportamentos considerados normais entre os jovens, e como tal, não violentos, resultado que surpreendeu Cecília Loureiro: "Não esperava que jovens de tão tenra idade tivessem uma posição tão forte quanto a limitar a liberdade individual dos outros. Um dos resultados que mais me apanhou de surpresa foi a opinião sobre a legitimidade de aceder ao telemóvel do companheiro, e a proibição de vestir determinado tipo de roupa: mais de metade dos inquiridos, quer sejam rapazes ou raparigas, acham estes comportamentos normais! É preciso mudar esta mentalidade patriarcal que ainda persiste, e isso só é possível através da prevenção primária".
 
Questionário sobre violência no namoro
Rapazes
Raparigas
Agredir o/a namorado/a e deixar marca é ser violento/a?
5% acham que não
100% acham que sim
Agredir o namorado/a sem deixar marca é ser violento/a?
7,4% acham que não
100% acham que sim
Aceder ao telemóvel do/a namorado/a é legítimo?
54,25% acham que sim
43% acham que sim
Ameaçar o/a namorado/a é normal?
16,65% acham que sim
5% acham que sim
Proibir o/a namorado/a de sair com determinados amigos é legítimo?
51% acham que sim
42% acham que sim
Obrigar o/a namorado/ a fazer coisas que não quer é ser violento/a?
29% acham que não
16% acham que não
Proibir o/a namorado/a de vestir determinado tipo de roupas é legítimo?
56,5% acham que sim
50% acham que sim
Humilhar o/a namorado/a é ser violento/a?
25% acham que não
13,3% acham que não
Chamar nomes ao/à namorado/a é ser violento/a?
10% acham que não
22% acham que não

 
 

 
 
 
 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Entrevista cedida por Fernando Parreira, Coordenador do Projeto Igualando/TAIPA, ao Diário do Alentejo: balanço intervenção do GAVA

Que balanço se pode fazer deste primeiro ano de funcionamento do Gabinete de Apoio à Vítima e ao Agressor (GAVA) de Odemira, da responsabilidade da cooperativa Taipa, tendo em conta as especificidades deste concelho, o maior de Portugal?  O balanço é muito positivo. Se à partida sabíamos de alguns casos de violência doméstica, sobretudo através da presença da Taipa junto dos parceiros sociais, não havia certezas desta dimensão. O volume de casos evidencia a boa articulação com os parceiros e a pertinência do GAVA que, sempre que possível, vai ao terreno para combater o isolamento, as distâncias ou as dificuldades económicas que dificultem o acesso ao serviço.

O GAVA assume uma “perspetiva inovadora de intervenção na área da violência doméstica”. Em que medida?
Pensamos desempenhar três aspetos inovadores: o primeiro é a sua existência no âmbito do projeto Igualando, permitindo uma atuação na prevenção. Em segundo, porque trabalhamos com agressores, prevenindo novos episódios de violência e são ainda poucos a fazê-lo. Em terceiro, a intervenção com casais que, apesar da ocorrência de episódio/s violento/s, decidem manter a sua relação, ajudando à mudança, avaliando o risco para a sua saúde (física e psicológica) e a segurança de terceiros, pois na maioria das vezes existem menores.

Quantos processos estão neste momento em acompanhamento e, a partir deles, que perfil de vítima se consegue traçar, quanto ao sexo, idade, escolaridade, estrato socioeconómico e origem geográfica?
Atualmente acompanhamos 67 processos. No entanto, é difícil encontrar um perfil e pensamos que o mais importante é que haja consciência de que este fenómeno é transversal a todos os estratos socioeconómicos, independentemente de sexo, idade, escolaridade ou localização. Ainda assim, os nossos dados apresentam maioritariamente vítimas do sexo feminino, entre 30 e 50 anos, com baixa escolaridade, com baixos recursos económicos e oriundas em maior número das freguesias de Vila Nova de Milfontes e São Teotónio.

Entrevista disponível em:  http://da.ambaal.pt/noticias/?id=3098)

UMAR apresenta dados de 2012 relativos aos femicídios ocorridos em Portugal

A União de Mulheres Alternativa e Resposta - UMAR, por meio do trabalho que desenvolve no Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA) apresenta anualmente, e desde 2004, os dados relativos aos femicídios ocorridos em Portugal.
 
Tendo como fonte as notícias sobre homicídios e tentativas de homicídio na conjugalidade e relações de intimidade, relatados na imprensa escrita nacional, a UMAR apresenta os dados relativos ao Observatório de Mulheres Assassinadas referentes ao ano de 2012.
Os dados apresentados incluem ainda, os homicídios e tentativas de homicídio praticados contra mulheres nas relações familiares privilegiadas (ascendentes e descendentes directos e outros familiares) nas quais, era conhecida uma situação de vitimação, inserindo-se assim tais homicídios e tentativas, em contextos de violência doméstica.
O Observatório de Mulheres Assassinadas registou em 2012 um aumento significativo no número de femicídios quando comparados com o ano 2011 e, em número idêntico aos homicídios ocorridos em 2004.

Em 2012 o OMA contabilizou um total de 40 homicídios.
 
Relativamente à prevalência das tentativas de homicídio regista-se igualmente um aumento das mesmas, denotando-se que o ano de 2012 regista uma taxa de incidência elevada, só ultrapassada pelo ano 2007.

Até à presente data o OMA contabilizou um total de 53 tentativas de homicídio.
De registar ainda um total de 45 vítimas associadas, sendo que 8 (oito) são vítimas directas, 4 (quatro) delas mortais, e 37 (trinta e sete) vítimas indirectas, que presenciaram a prática do crime. 4
São contabilizados ainda um total de 77 filhos/as das vítimas dos crimes,  sendo do entendimento da UMAR que a violência exercida contra as suas mães, os vitima de forma traumática.

Em 2012 o OMA introduz no seu estudo, os homicídios ocorridos nas relações de intimidade entre casais do mesmo sexo (homossexuais e lésbicas) e noticiados pela imprensa escrita nacional.
Entendendo este tipo de vitimação como decorrente da desigualdade de poder na relação, considera-se importante tornar visível a violência ocorrida entre casais do mesmo sexo dado serem vítimas de dupla discriminação, procurando-se contribuir para a desocultação da violência também nestas relações.

O OMA registou 5 homicídios e 1 tentativa de homicídio nas relações homossexuais no ano de 2012.
 
 
Ver relatório completo com os dados de 2012 em:

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Violência doméstica presenciada por crianças em 42% dos casos


Quarenta e dois por cento dos casos de violência doméstica participados à polícia em 2012 foram presenciados por crianças e no mesmo ano ocorreram 37 homicídios conjugais, mais dez do que em 2011.

Os dados foram divulgados à Lusa por Rita Braga da Cruz, coordenadora do projeto Lexis, apoiado pela Estado português e pela União Europeia, que decorreu nos últimos três anos com o objetivo de divulgar as boas práticas judiciais no âmbito da violência doméstica.
O balanço deste projeto, promovido pela Associação Portuguesa de Mulheres Juristas (APMJ), vai ser feito no dia 9 e 10 de Maio, no Porto, no Colóquio "Violência Doméstica: da lei à prática judicial".
Rita Braga da Cruz, que é também membro da direção da APMJ, disse que o Lexis abrangeu cerca de 670 pessoas, entre técnicos ou futuros técnicos das mais variadas áreas que trabalham a problemática da violência doméstica.
"Foram contactados através de pequenas ações organizadas na região norte do país - Porto, Braga e Viana do Castelo - em parceria com várias instituições: câmaras municipais, Comissões de Proteção de Crianças e Jovens, delegações da Ordem dos Advogados e universidades", disse Rita Braga da Cruz.
O encerramento deste projeto será oficializado no colóquio, onde serão abordados vários temas, um dos quais "despertou grande interesse" nos técnicos que trabalham esta problemática e que se relaciona com as medidas de afastamento que "em Portugal são medidas de coação, mas que em outros países são medidas cautelares, ou seja, podem ser aplicadas pela polícia".
"Na Áustria e em alguns países anglo-saxónicos, a polícia pode aplicar uma medida de afastamento numa situação de violência doméstica, como medida cautelar provisória. Achamos que seria interessante estudar isso à luz do nosso ordenamento jurídico, para percebermos se é possível ou não um dia vir a introduzir uma medida semelhante", disse a jurista, referindo que sobre este assunto falará uma especialista austríaca.
"Crime, divórcio e regulação de responsabilidade parentais: um tribunal de competência especializada em violência doméstica" é outro tema que merecerá a atenção dos participantes do encontro que se realiza no Centro de Congressos da Alfândega do Porto. 
Dados do Ministério da Administração Interna disponibilizados referem que entre 2011 e 2012 o número de participações diminuiu, passando de 28.980 para 26.084, mas o número de homicídios conjugais aumentou de 27 para 37, no mesmo período.


Campanha espanhola contra o abuso infantil “esconde” mensagem visível apenas por crianças


Criada pela fundação espanhola ANAR, a campanha "Sólo para Niños" foi colocada numa paragem de autocarro em Abril e veio provar que também as crianças podem pedir ajuda, incentivando crianças a denunciarem casos de agressão.

A ideia original está na inserção de duas mensagens distintas num único cartaz, uma delas visível apenas por crianças, e uma outra diferente para os adultos, onde não é revelado o número de emergência.

O segredo passa pela forma de impressão. Através de um processo chamado impressão lenticular, as imagens diferem dependendo do ângulo pelo qual as pessoas olham. Um adulto que olha directamente para o cartaz apenas vê uma criança com o slogan "às vezes os maus-tratos infantis só são visíveis para a criança que os sofre". No entanto, quando são crianças a ver o anúncio, devido ao seu tamanho, o anúncio torna-se diferente, passando a ter um menino com a cara magoada, um número de emergência e uma outra mensagem por baixo da primeira: "se alguém te magoar, liga-nos e vamos ajudar-te".

Para isso, esta campanha levou em conta que a média de altura entre adultos no país é de 1,75m, enquanto as crianças até 10 anos medem cerca de 1,35m – o que possibilitaria ângulos de visão diferentes. A associação pressupôs que as crianças teriam até dez anos, sendo que a média de altura seria 1,35m enquanto a dos adultos seria 1,75m.
Enquanto adultos observavam a mensagem de conscientização, as crianças visualizavam uma mensagem oferecendo ajuda, com o número do telefone para denúncias.  O objectivo é incentivá-las a denunciar os abusos de que são vítimas, mesmo que algum adulto lhes diga para não o fazerem. 


quinta-feira, 2 de maio de 2013