No
âmbito do Dia Internacional das Crianças e Jovens Vítimas de Violência, a
secção regional da Madeira da Ordem dos Enfermeiros organizou uma conferência
sobre esta temática na autarquia do Funchal. À margem da iniciativa, a
presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) do Funchal, Ana
Paula Lino, referiu que há cada vez mais casos de violência doméstica que
acabam por atingir os mais novos. "Quase
todos os dias recebemos sinalizações da Polícia que relatam acontecimentos e
ocorrências em casa, na rua, e que são situações de violência doméstica",
frisou. Durante
o processo, tanto a família com a criança são acompanhadas e se as CPCJ
constatarem que a situação de perigo diminuiu ou não se verificou, arquivam o
processo. Se for o contrário, prolongam a medida. Contudo, há muitos casos de
sucesso.
Ana
Paula Lino vincou que o que tem preocupado ultimamente é a questão da violência
doméstica, que o Ministério Público sinaliza com muita frequência. "Vemos famílias que se
desentendem, que discutem imenso e depois estas crianças presenciam essas
situações e, portanto, são vítimas de violência psicológica e, muitas vezes, de
violência física também", explicou. A CPCJ têm meios e recursos
humanos, que constam de uma equipa multidisciplinar que faz o acompanhamento
destes processos. Em relação aos meios económicos, o apoio logístico é dado
pelo município.
A
responsável disse que há muitas denúncias feitas por telefone, mas que a
maioria pede o anonimato com receio de algumas represálias. Contudo, salientou
que já há mais gente envolvida na denúncia destes casos. Também há situações de
denúncias feitas presencialmente na Comissão para denunciar casos em que as
crianças estão em perigo.
A
degradação das condições económicas das famílias é um dos motivos para o
aumento destes casos. "As
famílias debatem-se com um problema muito grande ao nível do desemprego e é
claro que isto, muitas vezes, reflecte a situação familiar do casal e estes
desentendimentos são fruto, muitas vezes, dos tempos difíceis que atravessamos
e as crianças também são vítimas destes desentendimentos, presenciam estas
situações", explicou.
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