quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Mais crianças são maltratadas - hospitais sinalizaram mais situações de perigo face ao ano passado

Os casos de maus tratos a crianças sinalizados pelos hospitais portugueses aumentaram. Em várias unidades de saúde do País, as situações detetadas chegam mesmo a ultrapassar o total de casos em todo o ano passado.
É no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, em Aveiro, que esta realidade é mais evidente, já que "em 2012 foram sinalizados, pelo serviço de Pediatria, 57 casos de maus tratos (negligência, desnutrição, abusos, etc.). Até ao momento, [17 de julho] em 2013, foram sinalizadas 58 situações". No Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio (CHBA), em Portimão, "durante o ano de 2012 foram sinalizados, pelos serviços de pediatria, 34 casos de maus tratos (risco social, negligência, mau trato físico, abuso sexual e mau trato psicológico). Durante o primeiro semestre de 2013, foram sinalizados 34 casos", informou o CHBA.
Para Maria Deolinda Barata, presidente da secção de Pediatria Social da Sociedade Portuguesa de Pediatria, "há a clara perceção de que a negligência grave está a aumentar". "A negligência passiva, com a incapacidade das famílias em satisfazer as necessidades básicas das suas crianças, assim como a ativa, em que há uma intenção em causar dolo e dano, é a principal forma de mau trato. Voltamos a ver, de uma maneira hedionda, maus tratos que já não víamos há vinte ou trinta anos", alertou a coordenadora do Núcleo Hospitalar de Apoio à Criança e Jovem em Risco.
Na origem deste problema social, está o agravamento das condições sociais. "A gravidade desta crise socioeconómica, tão devastadora, é o fator mais determinante para o aumento dos maus tratos", já que "empurra as famílias para a indignidade", concluiu. 

33 DESAPARECIDAS EM 2013
Nos primeiros sete meses deste ano, o Instituto de Apoio à Criança (IAC) abriu 33 novos processos de desaparecimento de menores, fruto dos casos reportados pela linha SOS Criança Desaparecida, mais de metade do total das situações de 2012.
"Em 2012, foram registados 53 novos casos de crianças desaparecidas, que incidem sobretudo sobre raptos parentais (32 casos) e situações de fuga (16 casos). Quando se comparam estes dados com os de 2011, ressalta um aumento do número de casos apresentados e, sobretudo, um aumento dos raptos parentais, que passam de 13 em 2011 para 32 situações em 2012. Em 2013, até 31 de julho, foram recebidos nove raptos parentais", revela Manuela Ramalho Eanes, presidente do IAC.
"A faixa etária até aos cinco anos predomina nos raptos parentais. Nos casos de fuga, a mais frequente é a dos 14 aos 16 anos. Há um défice na denúncia de casos de fuga das instituições de acolhimento, o que deve ser revisto. São crianças muito vulneráveis, sem família que as reclame, expostas aos mais diversos perigos, designadamente ao fenómeno da exploração sexual, muito associado ao do desaparecimento", concluiu. 

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